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olha as marés luar
vêm e vão tão certas e errantes
tão descontentes por não poder falhar
todas diferentes mas semelhantes
até as gaivotas que caçam
quando a luz ja nao encandeia
temem a luz da lua e passam
anoite na mare cheia
3X
ai as marés luar
são tao dificeis de desvendar
ouve ate o sol se calou
sabe que elas mandam no breu
ve que o vento quase suplicou
por aquilo que sabemos ser seu
ai as mares luar afinal sao tao faceis de desvendar
deixa que elas te guiem ate o sol despertar
deixa-te ficar com as mares luar
Filipe Manique
Dias de Liberdade
Dias de Liberdade,
O espelho de uma vida
Caracterização pessoal
Ou apenas uma saída
Um dia sou tu
Sem haver arrependimentos
Estes dias consomem-me
Já não tenho sentimentos
Não estou em mim
Não voltarei a estar
O que começou em sonho
Em pesadelo foi terminar
Sou o grito da revolução não começada,
A alma despedaçada que ousaste criar
A tua presença foi sentida
Não vou mais vacilar
Fui protótipo dos loucos
O gesto indefinido
Que no teu rosto vai tocar
Se assim foi permitido.
Telmo Cruz
A Paragem
Quem lá pára...
Ocupa-se da impaciência.
Chegado, nosso destino
Não oferecemos resistência
Presencía diversidade
E conhecimento
Mentalidade alargada
Em cada relacionamento
É o diário de histórias contadas
A diversão do incompleto
Páginas rasgadas
Abrigo dos oportunos
Num mesmo tecto
Conforto de noites mal dormidas
A salvação do inquieto
Resgata-me deste espaço
Da-me algum alento
A partida revela-se fria
A chegada aconchega
São desvaneios de uma noite
Como queres que te perceba?
Telmo Cruz
"O Incompleto"
Vaga, quase que nua
Passa, como sereia
Borborinho que bom, presente na praça
Exaltação do homem da televisão.
Em vão...
Foi toda a negação
Toda a perpétua paixão
O desembarcar do homem do bem.
Pobre coitado...
Perdeu-se entre túmultos e embriaguez
Vazio de razão mas cheio de sensatez
Encalhou na ilha deserta.
Sem Norte nem Sul
Tomou o melhor partido
Decidiu falar, falar
Sem ser interrompido
Oh, triste homem este...
Ninguém lhe deu atenção
Prosseguiu cantando
Sem perder a motivação.
Telmo Cruz
"Horas do Avesso"
São os desabafos gerados na quietude do dia-a-dia que nos fazem pensar. Num dos dias preenchidos como os outros, ausente de tábus, pondo à prova os sentimentos em cada conversa, surgiu mais uma vez contigo, o tema de hoje. "E se o rumo natural da vida fosse ao contrário?", sucedendo-lhe de imediato uma outra pergunta, "cuidariamos dos idosos como cuidamos dos bébes?"
Tu, somente tu, tens a capacidade de te abstraires de uma forma tal a tudo o que rege este Mundo comum que todo o teu pensamento se vira para a origem das coisas, uma percepção enorme da margem de progressão de um certo tema e a sua utilidade. Entrando também nesse teu mundo, consigo ampliar imaginação ao ponto de estarmos lado a lado sem a curtina turva que ainda nos separa, ainda assim é um assunto que dás pisadas mais largas, pelnas de certeza, não deixando no entanto de partilhar toda a emotividade da coisa. Assim que entrei percebi a tua faceta, a minha bipolaridade. Era conduzido suave e delicadamente, como que à medida que te tocava com uma pena, mais conhecimento extraía, alheio ao sistema, directo para o papel.
Oh letra dócil e capaz ... segues unânime a espalhar a mensagem, o verdadeiro sentido da vida, quiçá.
A pergunta revela-se crua, porque no fundo as ideias inactas acabariam por desaparecer, iríamos perdendo capacidades ao longo da vida, não seria uma derrota por incapacidade, um fardo para os mais próximos. A própria pirâmide etária, continuaria a existir? Não creio. As garantias, que apartida seriam dadas, fariam mudar qualquer tipo de mentalidade e daríamos valor a tudo aquilo que realmente o merece, aproveitaríamos melhor a vida, sem medo de errar e de amar. Até ao último suor rasgado, antíquo, esperto.
Dedico-te, Carlota Almeida.
Telmo Cruz